sábado, 24 de setembro de 2011

tapa-me, esconde-me

"Às vezes era tão mais fácil simplesmente, tapar ou cortar a cara para não mostrar a tristeza que nela cai desalmadamente. Quando tudo se abate e acaba por se esmagar num coração, todos os estragos ficam bem visíveis. Quando a boca já não consegue mais esboçar um (falso) sorriso, quando os olhos já não conseguem ficar límpidos e secos, quando já nem as sobrancelhas têm força para não se rebaixarem, o mais apropriado seria meter um saco na cabeça, em vez de estar a dizer a todo mundo que se está bem quando na verdade só se quer enfiar no buraco mais próximo. Não podiam inventar qualquer tipo de dispositivo que permitisse a não-visualização do rosto tremido e saturado dos olhares indiscretos da sociedade?"

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